O guia técnico, desenvolvido no âmbito do projeto europeu PONDERFUL (2020–2024), que contou com a participação portuguesa do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, CIIMAR, oferece orientações práticas para a proteção, gestão, recuperação e criação de charcos e paisagens de charcos. Visa a sua utilização como Soluções Baseadas na Natureza (SbN) para mitigar e adaptar os impactos das alterações climáticas, bem como para promover a conservação da biodiversidade e a prestação de múltiplos serviços dos ecossistemas.
Os Charcos: são pequenos habitats, com grandes benefícios
Os charcos são massas de água doce com menos de 5 hectares, naturais ou artificiais, permanentes ou temporários. Apesar da sua dimensão reduzida, são ecossistemas com enorme valor ecológico:
- Abrigam uma biodiversidade excecional
- Oferecem refúgio a espécies ameaçadas
- Prestam serviços essenciais como regulação do clima, retenção de poluentes, apoio à polinização e promoção do bem-estar humano
Estes habitats estão entre os mais ameaçados do mundo, afetados por poluição, drenagem, intensificação agrícola e alterações climáticas. Contudo, são também fáceis de restaurar e replicar.
As Paisagens de charcos: são redes de resiliência
A criação de paisagens com múltiplos charcos potencia os seus benefícios. Estas redes promovem a mobilidade de espécies, a resiliência climática e a prestação de serviços ecológicos, como o armazenamento de água e o arrefecimento local.
O guia inclui ferramentas práticas para apoiar o planeamento, vídeos formativos e recomendações políticas.
Contribuições da Natureza para as Pessoas (CNPs)
Com base no quadro da IPBES Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos é uma organização intergovernamental criada para melhorar a comunicação entre a ciência e a política sobre questões de biodiversidade e serviços ecossistêmicos., o guia identifica 11 Conclusões e Prioridades-chave fornecidas pelos charcos, agrupadas em seis áreas:
- Clima – Captura de carbono, arrefecimento local e retenção de água para enfrentar secas ou cheias.
- Regulação de riscos naturais – Redução de impactos de fenómenos extremos, como inundações ou ondas de calor.
- Água – Melhoria da qualidade da água e reforço da sua disponibilidade.
- Polinização – Apoio à biodiversidade e à agricultura.
- Educação e bem-estar – Espaços para aprendizagem, lazer e contacto com a natureza.
- Habitat – Abrigo para uma diversidade elevada de espécies aquáticas e terrestres.
O guia explica como Restaurar e criar charcos
A restauração pode ser suave (ex. pastoreio controlado) ou mais intensiva (ex. dragagem). A criação de novos charcos é uma intervenção acessível e eficaz, que exige:
- Localização adequada
- Disponibilidade de água limpa
- Envolvimento comunitário
- Plano de gestão a longo prazo
O conceito de charcos CLIMA desenvolvido pelo projeto exemplifica como é que os charcos bem planeados podem maximizar benefícios ambientais, sociais e climáticos.
Mostra a importância da Monitorização e participação
É essencial monitorizar o estado ecológico dos charcos e os seus benefícios sociais. O envolvimento de comunidades, cientistas e técnicos contribui para uma gestão mais eficaz e adaptativa.
Faz um Enquadramento político
Apesar do seu valor, os charcos são muitas vezes ignorados nas políticas públicas. O guia defende a sua inclusão em instrumentos como:
- Política Agrícola Comum (PAC)
- Estratégias de conservação da natureza
- Programas de financiamento europeus (LIFE, fundos climáticos e de biodiversidade)
Conclusão
Os charcos e paisagens de charcos são ferramentas poderosas e acessíveis para lidar com as crises climática e da biodiversidade, melhorar o bem-estar das pessoas e reforçar a resiliência dos territórios. Proteger, restaurar e criar charcos deve ser uma prioridade estratégica nas políticas ambientais e territoriais.
Conselho ambiental:
Procure o guia disponível gratuitamente no site do projeto
https://zenodo.org/records/14537649
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E lembre-se de ajudar a preservar o ambiente!
