Nas eleições autárquicas de 2009, a construção do troço do IC9 que ligava Abrantes a Ponte de Sor e que incluía a travessia do Tejo na zona de Tramagal com acesso directo à A23 foi considerada por José Sócrates, o primeiro-ministro da altura, como uma prioridade nacional a ser executada impreterivelmente nesse mandato.
Comecei a fazer a estrada que liga Ponte de Sor a Abrantes em 1965 para vir visitar os meus tios a Mouriscas. E hoje o traçado desta estrada continua a ser precisamente o mesmo.
O único que mudou foi o aumento brutal do tráfego rodoviário, sobretudo de veículos pesados, que provoca a deterioração do piso, ao ponto de a estrada ficar intransitável em época de chuvas intensas.
Além disso, trata-se de uma estrada cheia de passagens estreitas onde é impossível o cruzamento de um ligeiro com um pesado, assim como de curvas e contracurvas apertadas que não permitem a um veículo pesado com atrelado efectuá-las, normalmente, sem invadir a semi-faixa contrária.
E, para agravar ainda mais a situação, trata-se de uma estrada sem bermas, o que significa que o condutor do veículo que apanha com um veículo pesado de frente a invadir a sua semi-faixa de rodagem fica sem qualquer possibilidade de evitar a colisão, porque não tem qualquer escapatória.
Nas eleições autárquicas de 2009, a construção do troço do IC9 que ligava Abrantes a Ponte de Sor e que incluía a travessia do Tejo na zona de Tramagal com acesso directo à A23 foi considerada por José Sócrates, o primeiro-ministro da altura, como uma prioridade nacional a ser executada impreterivelmente nesse mandato. Maria do Céu foi eleita e reeleita, por mais duas vezes, presidente da câmara de Abrantes, foi ministra da Agricultura no 1.º, 2.º e 3.º Governos de António Costa e a variante que liga Abrantes a Ponte de Sor continua por construir.
A Câmara de Abrantes é socialista, a Câmara de Ponte de Sor é socialista e a ministra da Agricultura foi a presidente da Câmara de Abrantes, durante três mandatos, assentes na promessa da construção desta variante e com a consciência da sua necessidade imperiosa, pelo que não existe qualquer justificação para que ainda não se tenha construído esta variante, por forma a evitar que o actual troço Abrantes – Ponte de Sor continue a ser uma verdadeira Estrada da Morte.
De uma coisa, no entanto, tenho a certeza: se o ministério da Agricultura fosse em Elvas, em vez de ser em Lisboa, esta variante já estava construída. Este é o grande drama do nosso país. Se os políticos e directores-gerais da Administração Pública atingissem o topo das suas carreiras em Vila Real, Guarda, Portalegre ou Beja, ninguém ouvia falar de desertificação do território ou de falta de coesão territorial. Mas como vão todos para Lisboa…