Coluna Vertical – O racismo de que ninguém fala

Lá vão os tempos em que Portalegre tinha indivíduos do gabarito de José Régio… Hoje, se José Régio fosse vivo, tinha de leccionar em Lisboa, sob pena de não ser reconhecido nem em Portalegre.

Com a entrada do “Chega!” na Assembleia da República, o Parlamento português conseguiu, finalmente, fazer o pleno dos partidos racistas. Desde o 25 de Abril, os únicos partidos racistas com assento parlamentar eram os partidos da capital que tratavam abaixo de cão as etnias alentejana, algarvia, beirã, ribatejana e transmontana, a coberto de uma comunicação social servil e racista que apenas dá voz a quem tem o certificado de residência na capital.

Até Marcelo Rebelo de Sousa, para vir celebrar o 10 de Junho a Portalegre, precisou de trazer atrelado um intelectual lisboeta nascido em Portalegre por não reconhecer num alentejano do distrito, nível suficiente para ler um simples discurso. Lá vão os tempos em que Portalegre tinha indivíduos do gabarito de José Régio… Hoje, se José Régio fosse vivo, tinha de leccionar em Lisboa, sob pena de não ser reconhecido nem em Portalegre.

Ou seja, enquanto o “Chega!” se indigna com uns míseros apoios sociais pagos a algumas minorias, as etnias alentejana, transmontana, beirã, ribatejana e algarvia não só foram espoliadas, pelo Terreiro do Paço, de muitos mil milhões de fundos de coesão da UE destinados a “promover a igualdade real entre os portugueses (…) e o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional”, eliminando progressivamente as diferenças económicas e sociais entre a cidade e o campo” (artigos 9.º, 81.º e 90.º da Constituição) como esses milhões foram gastos a edificar uma ilha rica, a Região de Lisboa, num mar de pobreza e desigualdade que é o nosso país.

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