Portugal viveu trezentos anos sob o jugo da Inquisição e cinquenta anos em ditadura, o que significa que somos um povo que não só não valoriza muito a Liberdade como vive bem sem ela.
A liberdade de expressão é a trave-mestra das sociedades abertas, como ensinava Karl Popper: “Quando evitar ofensas constitui a nossa principal preocupação, rapidamente se torna impossível dizermos livremente seja o que for.”
Portugal viveu trezentos anos sob o jugo da Inquisição e cinquenta anos em ditadura, o que significa que somos um povo que não só não valoriza muito a Liberdade como vive bem sem ela. A Santa Inquisição usou a violência, tortura, ou a simples ameaça da sua aplicação para extrair confissões dos hereges. O dogma não se discute. E o próprio Galileu foi obrigado a jurar, por todos os santinhos e pela sua saúde, que a Terra não se movia.
Hoje a situação não é muito diferente. Mudaram os inquisidores e os dogmas, mas o método mantém-se. Ainda recentemente, em Madrid, Jesús Luis Barrón López, professor de Biologia há 25 anos, foi suspenso por ter dito que só existem dois sexos: o masculino e o feminino.
Neste momento, já não me atrevo sequer a emitir opinião sobre esta matéria, mas, de uma coisa tenho a certeza: Galileu, se vivesse hoje, teria de jurar que havia sexos para todos os gostos e que a heterossexualidade era uma aberração cultural que não tinha qualquer base científica, sob pena de ser atirado para a fogueira das redes sociais e expulso da comunidade científica.