Porto, Lisboa e o municipalismo

A saída da Câmara Municipal do Porto da Associação Nacional de Municípios significa precisamente que a cidade do Porto percebeu que o municipalismo português é o palhaço pobre da política portuguesa à conta do qual Lisboa, o palhaço rico, vive, cresce e enriquece.

As democracias, tal como as ligas de futebol, se não tiverem sistemas de correcção que equilibrem os dois pratos da balança, levam ao aprofundamento e agravamento das desigualdades e dos desequilíbrios estruturais, uma vez que as regiões mais ricas são precisamente as regiões com mais eleitores.

E, em Portugal, é precisamente isso que se passa com a nossa democracia e com a nossa liga, onde Lisboa e Porto e os chamados “três grandes” impõem a sua vontade ao resto do território por força do seu peso eleitoral e do número de adeptos.

A saída da Câmara Municipal do Porto da Associação Nacional de Municípios significa precisamente que a cidade do Porto percebeu que o municipalismo português é o palhaço pobre da política portuguesa à conta do qual Lisboa, o palhaço rico, vive, cresce e enriquece.

E a Câmara do Porto quer agora tratar dos seus assuntos directamente com o Governo, sem estar dependente do bodo aos pobres com que o Governo vai contentando a ralé.

Ou seja, a Câmara do Porto quer desempenhar o mesmo papel que o FC Porto desempenha na Liga de Futebol, tratando, em pé de igualdade, com Benfica e Sporting os assuntos que interessam ao futebol português, sem estar numa posição de subserviência em relação a Lisboa, como acontecia no Antigo Regime e com o municipalismo.

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