Em 2002, havia menos de 100 linces-ibéricos na natureza.
Hoje, o cenário é bem diferente.
Em 2024, o censo confirmou que existem mais de 2400 linces-ibéricos na Península Ibérica.
Só num ano, a população cresceu 19%.
Nasceram 844 novos linces.
A maioria vive em Espanha, mas Portugal também está a fazer a sua parte.
No Vale do Guadiana, já foram identificados 354 linces.
Este crescimento deve-se ao trabalho conjunto de muitas pessoas, instituições e programas como o LIFE LynxConnect, que junta Portugal e Espanha para proteger esta espécie única do nosso território.
Mas o lince ainda não está completamente a salvo.
Para que a espécie esteja fora de perigo, os especialistas dizem que são precisos entre 4500 a 6000 linces na natureza, com pelo menos 1100 fêmeas reprodutoras.
Em 2024, contámos com 470.
E há desafios sérios.
Só este ano morreram 214 linces.
A maioria atropelados nas estradas.
Proteger o habitat e garantir passagens seguras continua a ser urgente.
A boa notícia é que o futuro está a ser preparado.
O atual projeto de conservação foi prolongado até março de 2026.
E está a ser desenhado um novo projeto, ainda mais ambicioso, para continuar este caminho.
Vai apostar-se em novas tecnologias para seguir os linces no campo, com menos esforço humano.
E num ponto fundamental: a diversidade genética.
Sabia que o lince-ibérico tem uma das genéticas mais frágeis do mundo animal?
Isto significa que, se não houver cuidado, pode haver acasalamentos entre animais da mesma família.
E isso enfraquece a espécie a longo prazo.
Por isso, os cientistas querem gerir melhor estas populações — às vezes movendo linces de um local para outro, ou mesmo voltando a libertar animais criados em cativeiro.
E por falar em cativeiro…
O centro de reprodução de linces de Silves, no Algarve, vai continuar ativo pelo menos até 2037.
É ali que nascem muitos dos linces que depois são libertados na natureza.
João Alves, coordenador do programa em Portugal, explica que o próximo passo será integrar melhor o trabalho de campo com o trabalho em cativeiro, sempre com um objetivo: garantir um futuro seguro para esta espécie.
Também se espera, nos próximos meses, a aprovação da nova Estratégia Ibérica de Conservação do Lince-Ibérico.
E a atualização do Plano de Ação em Portugal, que ainda é o de 2015.
Apesar de tudo, este é já um dos maiores casos de sucesso na conservação de espécies ameaçadas na Europa.
O lince-ibérico, que esteve quase a desaparecer, voltou a dar esperança.
Prevê-se que possa voltar a existir em várias zonas do Alentejo, como no sítio da rede Narura 2000 de Nisa-Lage da Prata, perto de Nisa, na Zona Especial de Conservação de Cabrela, em Montemor-o-Novo, Viana do Alentejo e Alcácer do Sal e também no Parque Natural da Serra de São Mamede, em Marvão, Castelo de Vide, Portalegre e Arronches.
Mas o trabalho está longe de terminado.
Precisamos de continuar a proteger, a investir e a cuidar.
Porque a natureza devolve sempre — quando a deixamos respirar.
Termino com um Conselho ambiental: conduzir cumprindo os limites de velocidade para proteger o lince. Uma das principais causas de morte dos linces são os atropelamentos. Nalgumas estradas de Portugal e de Espanha já existem sinais que assinalam o lince num sinal de perigo. É necessário que os condutores conduzam com cuidado para evitar o atropelamento de animais como o lince-ibérico.
E lembre-se de ajudar a preservar o ambiente!