Hoje vamos conhecer os principais desafios que afetam os polinizadores em Portugal divulgando uma crónica da série Guardiões das Flores – uma parceria entre a Wilder e o projeto PolinizAÇÃO, do CFE – Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.
P: Porque é que os polinizadores são essenciais para o equilíbrio ambiental?
R: Os polinizadores, como abelhas, borboletas e outros insetos, são responsáveis pela reprodução de muitas plantas, incluindo culturas agrícolas que garantem a produção de frutos e sementes. Sem a sua ação, a biodiversidade estaria gravemente ameaçada e a produção de alimentos sofreria uma redução significativa, afetando a segurança alimentar e a economia.
Os polinizadores enfrentam múltiplos desafios, entre os quais:
- Perda e fragmentação de habitat: A expansão urbana e as monoculturas intensivas reduzem a diversidade das paisagens, dificultando o acesso a alimento e locais de nidificação. Sem um ambiente propício, as populações de polinizadores diminuem drasticamente.
- Uso excessivo de pesticidas: Alguns pesticidas afetam diretamente os polinizadores, causando mortalidade imediata. Outros têm efeitos menos visíveis, como a redução da longevidade, dificuldades na orientação e menor capacidade de reprodução.
- Alterações climáticas: O aumento das temperaturas, as ondas de calor e a menor disponibilidade de água afetam a atividade dos polinizadores, desregulando a sincronia entre o seu ciclo de vida e a floração das plantas que polinizam. As alterações climáticas previstas para a região mediterrânica indicam um aumento da temperatura média de 2 °C a 5 °C até ao fim deste século. Esperam-se ondas de calor mais frequentes, verões mais longos, com temperaturas acima de 40 °C, e invernos mais amenos. Perspetiva-se também uma diminuição da precipitação anual.
- Estas alterações poderão ter influência na sobrevivência, reprodução e atividade dos insetos polinizadores, trazendo maiores desafios para a sua conservação. Se, por um lado, invernos mais amenos podem favorecer a sobrevivência destas espécies, verões muito quentes podem aumentar a mortalidade. O calor extremo afeta também a capacidade de voo, a recolha de alimentos e a reprodução.
- Além do mais, as alterações climáticas podem fazer com que as plantas floresçam antes do período de atividade dos seus polinizadores. Esta assincronia entre os ciclos de vida dos insetos e a floração das plantas pode resultar em polinização menos eficaz e, assim, diminuir a produtividade e sucesso reprodutivo de plantas agrícolas e silvestres. Quando culturas dependentes de polinizadores florescem muito cedo, como a amendoeira, os dias muito frios ou chuvosos não permitem que os polinizadores estejam ativos, afetando a polinização.
- Espécies invasoras: A introdução de espécies exóticas pode causar desequilíbrios nos ecossistemas. A vespa-asiática, por exemplo, é uma grande ameaça para as abelhas, predando colónias inteiras e reduzindo as populações de polinizadores nativos.
Conselho ambiental sobre os polinizadores
O que pode ser feito para proteger os polinizadores?
A proteção dos polinizadores exige medidas concretas e eficazes, como:
- Criação de habitats naturais: Manter e recuperar áreas com vegetação nativa, promovendo corredores ecológicos que permitam a sobrevivência dos polinizadores em ambientes agrícolas e urbanos.
- Redução do uso de pesticidas: Optar por práticas agrícolas mais sustentáveis, como a proteção biológica contra pragas e o uso de técnicas agrícolas que minimizem o impacto nos insetos polinizadores.
- Pedir à nossa câmara e junta de freguesia que não utilizem herbicidas
- Adaptação às alterações climáticas: Implementar estratégias que reduzam os efeitos do aquecimento global, como a plantação de espécies florais adaptadas às novas condições climáticas.
- Controlo de espécies invasoras: Monitorizar e conter a propagação de espécies exóticas que competem com os polinizadores nativos ou predam diretamente algumas das suas populações.
A proteção dos polinizadores é essencial para garantir a biodiversidade e a sustentabilidade dos ecossistemas. Ao adotar práticas mais responsáveis, contribuímos para um planeta mais equilibrado e saudável para todas as espécies, incluindo a nossa.