Siluro: o predador que ameaça os rios portugueses

Na sequência da parceria estabelecida entre o jornal aponte e a Quercus – Associação Nacional de Defesa da Natureza, o aponte AMBIENTAL desta semana alerta para um gigante invisível que está a transformar os nossos ecossistemas aquáticos: o siluro, também conhecido como peixe-gato europeu. Introduzido para a pesca desportiva, tornou-se uma espécie invasora sem predadores naturais, colocando em risco enguias, barbos, lampreias e outras espécies valiosas dos rios Tejo e Douro.

Olá e bem-vindos a mais um Aponte Ambiental. Hoje falamos de um peixe que, à primeira vista, pode parecer impressionante, mas que está a causar sérios danos aos nossos ecossistemas aquáticos: o siluro, também conhecido como peixe-gato europeu.

O siluro é o maior peixe de água doce da Europa, podendo atingir quase três metros de comprimento e pesar mais de 100 quilos. Tem o nome científico de Silurus glanis. Originário dos grandes rios da Europa Central, foi introduzido em Portugal e Espanha para a pesca desportiva, mas, sem predadores naturais, tornou-se uma espécie invasora com impactos negativos na biodiversidade local.

Este predador de topo alimenta-se de uma vasta gama de presas, incluindo espécies nativas como enguias, sáveis, barbos e lampreias. A sua presença nos rios Tejo e Douro tem vindo a aumentar, colocando em risco a sobrevivência destas espécies valiosas, muitas das quais têm importância económica e cultural.

O siluro é uma espécie de crescimento lento e longa longevidade, podendo viver até 70 anos. As fêmeas podem produzir mais de 200.000 ovos por ano, o que contribui para a rápida expansão da espécie. Em algumas áreas, como na barragem de Belver, no Tejo, a população de siluros tem vindo a duplicar a cada ano, representando já 10% das capturas.

Para combater este problema, foi lançado o projeto LIFE Predator, que envolve instituições de Portugal, Espanha e Itália. O objetivo é prevenir, detectar e reduzir a dispersão do siluro nos sistemas aquáticos do sul da Europa, protegendo a biodiversidade aquática. Entre as ações previstas estão a recolha de ADN ambiental em 25 barragens dos rios Tejo, Douro e Guadiana, para monitorizar a presença da espécie, e a realização de ações de sensibilização ambiental junto das comunidades locais.

Este projeto é um exemplo de como a colaboração internacional e a ciência aplicada podem ajudar a mitigar os impactos das espécies invasoras e a proteger os nossos ecossistemas.

Conselho ambiental: Se avistar um siluro nos nossos rios, não o liberte na natureza. Em vez disso, reporte a observação ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas ou à GNR, através do SEPNA. A sua colaboração é fundamental para proteger a biodiversidade dos nossos rios.

Até à próxima edição do Aponte Ambiental, onde juntos continuamos a aprender e a cuidar da natureza que nos rodeia.

E lembre-se de ajudar a preservar o ambiente!

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