“A história repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa”, cita Vítor Morgado, ao analisar o atual panorama político português. No programa “aponte SEM RODEIOS”, o comentador traça uma linha entre o crescimento da extrema-direita, o desgaste dos partidos tradicionais e a frustração social que alimenta o populismo. “O Chega dá voz aos descontentes, mas o problema está em quem governa e não resolve o essencial”, afirma.
O mais recente episódio do programa aponte SEM RODEIOS contou com a habitual participação de Vítor Morgado, que foi convidado a comentar o atual panorama político nacional. Numa análise marcada pela contextualização histórica, o comentador recordou que a democracia portuguesa nasceu com um sistema assente em quatro partidos principais, mas que, ao longo das últimas décadas, sofreu alterações profundas que abriram espaço ao crescimento de forças políticas mais radicais.
Segundo Vitor, três fatores explicam o crescimento dos extremos: a ausência de “válvulas de escape” no sistema democrático, a incapacidade dos governos em resolver problemas concretos da população e a inevitável repetição de ciclos históricos. “Não há revoluções em países ricos, mas sim onde as pessoas vivem mal”, sublinhou, apontando como exemplo a frustração de muitos reformados que, após décadas de descontos, recebem pensões insuficientes para garantir uma vida digna.
O comentador destacou ainda que o populismo ganha força quando os partidos tradicionais falham em dar respostas. Nesse contexto, o Chega surge como uma alternativa para muitos descontentes, não apenas à direita, mas também entre eleitores do PS e do PCP. Para o comentados, o discurso populista encontra terreno fértil quando a governação não consegue assegurar condições mínimas de vida.
A análise foi além das fronteiras nacionais. Vítor Morgado alertou para uma tendência europeia e internacional de crescimento de regimes autocráticos, diferentes das ditaduras do século XX, mas igualmente perigosos para a democracia. “O meu receio é que a Europa esteja a caminhar para autocracias modernas, em que os parlamentos perdem poder e o executivo concentra cada vez mais competências”, afirmou.
Apesar das críticas ao discurso populista, o comentador reconheceu que este consegue dar voz a franjas da população que se sentem ignoradas. “O problema não está apenas no que os partidos populistas dizem, mas no facto de os partidos tradicionais não conseguirem resolver os problemas das pessoas”, concluiu.
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