Durante a guerra colonial, Luís Filipe Vieira foi mobilizado para Tete, onde a guerra, usando as suas palavras, “estava muito agreste”. Resolveu, por isso, pedir ao Alferes para o mandar a uma junta médica, acreditando que, desta forma, se conseguiria desenrascar.
Já conhecíamos a Verdade de José Sócrates e agora, segundo parece, já está à venda a “A Verdade de Vieira”. Não tenciono ler o livro, mas, por mero acaso, acabei por tropeçar num episódio do livro que, só por si, é revelador do carácter de quem o conta.
Durante a guerra colonial, Luís Filipe Vieira foi mobilizado para Tete, onde a guerra, usando as suas palavras, “estava muito agreste”. Resolveu, por isso, pedir ao Alferes para o mandar a uma junta médica, acreditando que, desta forma, se conseguiria desenrascar.
E a verdade é que se desenrascou, graças a uma troca de nome com outro soldado que também se chamava Luís Vieira e que foi à mesma junta médica.
Ouçamos a narrativa de Luís Filipe Vieira: «Eles enganaram-se, ele teve de regressar à guerra e eu não. Quando eu leio “incapaz para o serviço militar” à frente do meu nome, pensei “é melhor estar calado, não fazer barulho, não fazer nada”. Nunca ninguém descobriu.»
Que Luís Filipe Vieira tenha ficado calado que nem um rato, quando se apercebeu que a junta médica tinha trocado o nome, o que levou a que um soldado incapacitado tivesse sido obrigado a regressar à guerra, em vez dele, ainda poderia compreender, apesar de ser já revelador do seu carácter de rato de esgoto. Mas ratos é o que, por aí, há mais.
No entanto, o que mais me escandaliza nesta narrativa é Luís Filipe Vieira vangloriar-se de um episódio tão aviltante, assumindo-se, publicamente, como um indivíduo sem carácter e sem escrúpulos. Ou seja, um verme.
E pensar que este indivíduo foi presidente de um clube de seis milhões de portugueses, tendo sido eleito e reeleito (e, se não tivesse sido detido, ainda era presidente), também revela a pouca ou nenhuma consideração que a maioria dos portugueses tem pelo perfil daqueles que escolhe para dirigir o seu clube ou governar o seu país.