O biometano surge como uma solução inovadora e sustentável para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, ao mesmo tempo que promove a economia circular. O recente projeto Biometano em Sousel é um exemplo de como é possível transformar efluentes agropecuários em energia renovável. No entanto, é fundamental compreender o impacto do metano no aquecimento global e a importância de medidas para mitigar as suas emissões. Vamos explorar estas questões através de um conjunto de perguntas e respostas.
O metano (CH4) é um gás incolor e inodoro que ocorre naturalmente na decomposição de matéria orgânica. No entanto, também é um potente gás de efeito de estufa, com um potencial de aquecimento global 28 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2) num período de 100 anos e 81 vezes superior num período de 20 anos. O metano é responsável por um aumento de 0,5ºC na temperatura global desde a era industrial, o CO2 de 0,8ºC.
As emissões de metano provêm de diversas fontes, incluindo atividades humanas. Globalmente, cerca de 40% das emissões são de origem agropecuária, com destaque para a pecuária, que representa 78% dessas emissões. Na União Europeia, a agropecuária é responsável por 54% das emissões de metano ligadas à atividade humana.
Os ruminantes, como os bovinos, são os principais responsáveis pelas emissões de metano na agropecuária devido à fermentação entérica, um processo digestivo que gera o gás. Além disso, o armazenamento de estrume e chorume contribui para emissões adicionais. Na Europa, a “fermentação entérica” dos bovinos libera 5,7 milhões de toneladas de metano por ano, equivalente às emissões totais de 24 milhões de europeus.
O biometano é um gás obtido através da digestão anaeróbia de matéria orgânica, como estrume, resíduos agroindustriais e biomassa. Esse processo converte os materiais biodegradáveis em biogás, que pode ser purificado para produzir biometano, um substituto do gás natural. Ao reaproveitar os resíduos agropecuários, o biometano contribui para a redução das emissões de metano e promove uma economia circular.
O Projeto Biometano em Sousel é uma iniciativa inovadora que visa a produção de biometano a partir de efluentes agropecuários. Com um investimento de 40 milhões de euros, a unidade deverá ocupar cinco hectares e iniciar operações em 2028. O projeto contribuirá para a transição energética, criando 20 postos de trabalho diretos e 50 indiretos, promovendo a sustentabilidade e o desenvolvimento económico local.
Sim. Reduzir as emissões de metano é uma das formas mais rápidas de travar o aquecimento global, uma vez que o metano tem um grande impacto na temperatura global a curto prazo. Para limitar o aquecimento global a 2ºC, é necessário reduzir as emissões globais de metano em cerca de 50% até 2040. Iniciativas como o Projeto Biometano são passos importantes nessa direção.
A produção de biometano representa uma alternativa sustentável para a gestão dos resíduos agropecuários, promovendo a economia circular e reduzindo as emissões de gases de efeito de estufa. Projetos como o de Sousel são fundamentais para a transição energética e para o combate às alterações climáticas.
Conselho ambiental sobre metano:
As questões do aquecimento global são questões globais, que só se podem combater agindo globalmente, a nível político. No entanto pode haver contributos individuais. Ao reduzir-se o desperdiço alimentar está a contribuir-se para menos emissões. A escolha daquilo que se come também tem importância. Reduzir o consumo de carne vai levar a que haja menos emissões de metano, por exemplo. Mas mesmo dentro da carne há diferenças, a carne bovina (de vaca ou vitela) leva a maior impacto, a carne de porco tem menos impacto e a carne de aves ainda menos.