O Estádio do Jamor é uma obra-prima da arquitectura fascista, mandado construir por Salazar para reforçar o culto da Nação ao centralismo preconizado pelo Estado Novo. Actualmente, o Estádio do Jamor já não reúne as mínimas condições, quer de segurança, quer de comodidade, quer de dignidade, para receber um jogo de futebol profissional, quanto mais a final da Taça de Portugal, tendo, inclusive, sido deixado de fora dos estádios do Euro 2004, sem que ninguém estranhasse ou se opusesse.
Obrigar dois clubes do norte do país a vir disputar a final da Taça de Portugal ao Estádio do Jamor só faz lembrar as praxes académicas em que os caloiros são obrigados a humilharem-se para demonstrarem a sua submissão ao Duce, ou seja, a Lisboa.
Salazar nunca foi tão visionário como Mussolini. Daí que tenha precisado de esperar 20 anos para perceber a importância da rivalidade Benfica – Sporting para a unidade nacional e a afirmação de Lisboa sobre todo o território nacional, assim como a construção do imponente Estádio Nacional, onde o povo e os clubes prestavam vassalagem ao Estado Novo.