A cultura do risco e do mérito numa sociedade naturalmente competitiva educa-se desde o berço.
Os portugueses que vivem e residem em Portugal, de uma forma geral, têm horror a correr riscos pelo que se agarram aos cargos remunerados pelo Estado como os banhistas que não sabem nadar, nem querem aprender, à borda da piscina. E dali não saem, tornando a piscina imprópria para quem queira praticar natação, tanta é a gente que se amontoa na sua borda.
É, por isso, natural que os portugueses mais ambiciosos, ou seja, que não estejam dispostos a viver agarrados à borda da piscina, se vejam obrigados a partir para outros países onde o mérito seja reconhecido e possam dar largas à sua ambição.
A cultura do risco e do mérito numa sociedade naturalmente competitiva educa-se desde o berço. Mas, para isso, é fundamental que a derrota ou o insucesso não se transforme num estigma.
Ora, reside precisamente aqui o problema português. Com efeito, quando ganham, são os maiores e tratam os vencidos com uma arrogância extrema. Aliás, sentem um enorme prazer em humilhar os vencidos. É precisamente por esta razão que a maioria dos portugueses escolhe sempre o lado dos vencedores.
Acontece que o epíteto de “perdedor”, com que os canalhas gostam de estigmatizar os seus adversários, é de tal forma humilhante que a esmagadora maioria dos portugueses prefere não arriscar, para não correr o risco de fracassar, optando pela segurança dos empregos do Estado e por ser adepto dos partidos e clubes vencedores.
E, mesmo assim, sempre que perdem é um drama. Ai de quem perde. É por isso que também vivemos num país onde os fins justificam os meios e os casos de corrupção só têm relevância e interesse se puderem ser usados como pedras de arremesso contra os adversários.