Coluna vertical – As crónicas e os (bons) amigos

Tenho a certeza de que os mais velhos que lerem o livro se vão reconhecer em muito dos textos que escrevi, mas também tenho a certeza de que a geração dos meus netos se vai emocionar com esse amor incondicional que liga os cães e os gatos aos donos.

No próximo sábado, dia 15 de Abril, pelas 17H, irei apresentar o meu último livro “Crónicas dos Bons Amigos” no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor que será também o último. A capa, contra-capa e badanas são pinturas da minha mãe Maria Laura Santana Maia.

Este livro é, aliás, uma despedida. Como disse Chateaubriand, “É muito duro envelhecer, mesmo se o mundo à nossa volta não muda ou muda pouco, mas muito mais duro é envelhecer num mundo que mudou.

A era digital onde vivemos não tem nada a ver com o mundo do lápis e papel onde nasci e cresci. O mundo que nos rodeia é hoje habitado por indivíduos que se consideram os consumidores finais da civilização ocidental e onde se diluem toda as relações humanas, familiares e afectivas. Tudo é efémero e nada é inteiro.

Cada vez a frase de Freud “A devoção de um cão ao dono é o único amor incondicional” é mais actual e faz mais sentido. Os cães e os gatos revelam-se, cada vez mais, como os únicos amigos que continuam a resistir em deixar ao abandono quem os criou e alimentou.

Este livro é certamente uma homenagem a todos aqueles que, como eu, gostam e estão reconhecidos aos seus bons amigos de quatro patas. No entanto, foi escrito a pensar, sobretudo, naqueles que desdenham da atenção que nós damos aos cães e aos gatos para lhes recordar que, mais cedo do que eles pensam, vão ficar reduzidos à mais absoluta solidão, se não tiverem um cão ou um gato que lhes faça companhia, que lhes dê carinho e que os ouça.

E não contem, para isso, nem com os filhos, nem com os netos, que estarão certamente a viver bem longe e que têm coisas mais importantes com que se preocupar do que com velhos chatos e doentes que seriam um enorme peso na sua vida.

Gostaria, como é evidente, de poder contar com a presença de todos aqueles que, ao longo da minha vida, se foram cruzando comigo, desde os bancos da escola primária até à escola secundária, passando pelo Eléctrico, o jornal A Ponte e a Câmara Municipal de Ponte de Sor, sem esquecer as mesas de café e os jogos de futebol, voleibol, andebol, judo, karaté e futsal.

O sucesso da apresentação de um livro depende sempre do grau de envolvimento dos nossos amigos e conhecidos. Ou seja, do número de pessoas que está presente e que compra o livro. Devo, desde já dizer, que não vou ganhar um único cêntimo com o livro, não vá, alguém que não me conheça, pensar que vou querer enriquecer à conta do livro. Até hoje nunca ganhei um único cêntimo em todas as actividades que levei a cabo por devoção, fosse na política, no desporto ou na escrita. O que faço por amor não tem preço.

Tenho a certeza de que os mais velhos que lerem o livro se vão reconhecer em muito dos textos que escrevi, mas também tenho a certeza de que a geração dos meus netos se vai emocionar com esse amor incondicional que liga os cães e os gatos aos donos.

Gostaria de poder contar com a vossa presença, mas se não puderem estar presentes, não se esqueçam de comprar e divulgar o livro junto dos vossos amigos e conhecidos e, se possível, directamente à editora (e-mail rosmaninhoeditoradearte@gmail.com ou telefone: 243305080), porque também tem direito a ser recompensada por ter tido a coragem de editar um livro dum autor que reside no fim do mundo.

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